Desafiar ventos económicos
Apresentamos o seguinte cenário: a vasta paisagem que caracteriza o mercado dos projetos de energias renováveis em Espanha multiplicada pelas flutuações do preço da energia. Este resultado é multiplicado pelo contexto geoeconómico que temos vivido nos últimos anos. Sabemos que o resultado deve ser positivo se quisermos que as empresas que investem em energias renováveis continuem a apostar neste tipo de energia limpa e sustentável, mas a realidade é que cada vez mais é necessário fazer malabarismos para garantir o sucesso do financiamento dos projetos.
A partir do vórtice da indústria energética, atrevo-me a analisar como as atuais condições económicas estão a moldar o panorama e a colocar desafios significativos, em que a viabilidade dos projetos não está garantida, tendo em conta os atuais preços da energia. O seu declínio, associado a um aumento sem precedentes das taxas de juro – que resultou numa subida em espiral nunca antes verificada – está a ter os seus efeitos. Embora os contratos tenham sido historicamente pilares fundamentais da estruturação financeira, a sua capacidade de fornecer uma cobertura abrangente num cenário em constante mudança está a ser posta em causa. Os fluxos de receitas mudaram e os financiadores do setor estão a ter de se reinventar para encontrar alternativas.
E é neste momento que a globalização do financiamento de projetos está a emergir como uma tendência que não passa despercebida. Para o financiador, uma carteira completa é muito mais interessante do que um projeto individual, uma vez que oferece uma planificação com diferentes fases e diferentes modelos de risco, onde a diversificação é a chave para o funcionamento global. Tendo sempre em conta os riscos regulatórios de cada país, as suas taxas de imposto, os preços, a assinatura de contratos garantidos a longo prazo, as especificidades ambientais, sociais e de governação de cada projeto, etc.
Mas este não foi o único fator a sofrer mudanças, os atores tradicionais do financiamento também estão a mudar e há um leque mais vasto a que se pode recorrer, desde as seguradoras a financiadores de boutique, passando pelos bancos tradicionais, private equity e outros fundos de investimento. Porque sim, é uma boa altura para investir em energias renováveis – investir em projetos rentáveis e limpos é sempre – e ainda há interesse no mercado.
Porém, obviamente, poderia ser mais interessante se todas as partes estivessem a caminhar na mesma direção. Uma regulamentação clara e concisa evitaria os constrangimentos burocráticos, da mesma forma que os incentivos fiscais e a estabilidade dos preços da energia encorajariam o mercado. Em Espanha, temos plena confiança na reforma da eletricidade, o que, combinado com a abundância de sol, torna o nosso país sempre muito atrativo para estes projetos, mas queremos o mesmo para o resto da Europa e do mundo.
Num mundo em que os ventos económicos sopram com força, a sua perspetiva não é apenas um apelo à ação, mas também uma chamada de atenção para a necessidade de evoluir na forma como financiamos e gerimos a energia do futuro. Para o nosso bem-estar e o do planeta.
María Puente, diretora financeira da BNZ
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